Patrícia Galvão: a eterna Pagu – Inclui documentário

Grande parte do seu legado foi salvo por uma catadora de materiais recicláveis,  que encontrou manuscritos, fotos e livros de Pagu e Geraldo Ferraz

Patrícia Galvão – Pagu

Por Arma da Crítica – Boletim da Liga Comunista Brasileira.

Nesse 9 de junho que passou, Patrícia Galvão, a Pagu, teria feito 125 anos. Pagu marcou época na cena cultural e politica do Brasil entre os anos 20 e 60.Nascida uma família abastada em São João da Boa Vista, Pagu teve sua formação em escola normal em São Paulo. Em fins da década de 20, se ligou ao grupo da Semana de 22, que incluía Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Anita Malfati, Oswald de Andrade, Raul Bopp entre outros.

Das tertúlias modernistas, Pagu evoluiu para a militância no Partido Comunista, para onde ela atraiu seu então companheiro Oswald de Andrade. Juntos publicaram o jornal O Homem do Povo. Em 1931, Pagu participou da greve dos estivadores de Santos, o que lhe rendeu a primeira de inúmeras prisões. Odiada pela polícia política de São Paulo, Pagu foi barbaramente torturada.

Em 1933, Pagu publicou seu primeiro romance, Parque Industrial, em que retrata o cotidiano da fábrica,  a luta dos operários e a presença do Partido no movimento de massas. Uma de suas personagens principais era uma operária lituana que foi presa e deportada por ser líder grevista. Esse livro só foi republicado nos anos 70 e foi traduzido para o inglês, francês e espanhol.

Depois de um giro pelo exterior, já separada de Oswald, participou das manifestações operárias na França que precederam a vitória eleitoral da Frente Popular.

Depois de sua última prisão, em 1940, Pagu rompe com o PCB e abraça a militância trotskista por influência de Mário Pedrosa e da família Abramo.

Em 1942, Pagu se torna companheira do jornalista Geraldo Ferraz. Em fins dos anos 40, Geraldo Ferraz se torna editor do jornal A Tribuna, de Santos, para onde o casal se mudou. Pagu exerce intensa atividade cultural, escrevendo crítica de cinema, teatro e literatura na imprensa local. Pagu dirigiu um grupo de teatro, que iniciou na carreira artística o teatrólogo Plínio Marcos e o compositor Gilberto Mendes.

Pagu morreu em Santos, de câncer,  em 1962. A memória de Pagu é reverenciada em Santos, onde é nome de escola e do Centro Cultural mais importante da cidade. Simboliza a emancipação da mulher nos campos político, cultural e dos costumes.

Grande parte do seu legado foi salvo por uma catadora de materiais recicláveis,  que encontrou manuscritos, fotos e livros de Pagu e Geraldo Ferraz em materiais a serem descartados. Esse acervo se encontra na Unicamp.

Para uma primeira aproximação com a vida e a obra de Pagu divulgamos o documentário Pagu, dirigido por Marcello G. Tassara e Rudá de Andrade, filho de Pagu e Oswald: https://www.youtube.com/watch?v=2Hz6wWm600c

 


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